Tenho tempo ainda de me arrepender. De deixar o tempo correr, sem cobrar explicações. Tenho tempo de me deixar ser levado sem apego a raízes. Sem fundamentos concretados em terra firma. Não levarei o barro na sola do sapato. O tempo passa e me deixa lembranças. E as lembranças me deixam no tempo. O tempo requer mudanças. Mudanças querem urgência. Urgência requer socorro. Socorro requer doação. Doação requer preparação. Preparação requer TEMPO. Tempo gera conflitos. Conflitos geram discussão. Discussão gera entendimento. Entendimento gera harmonia. Harmonia gera amor. Amor gera TEMPO. Tempo de luta, armas em mãos, guerrilha e avante. Tempo de renuncia, de armas ao chão, bandeira branca, recuo. Tempo de totalidade. Tempo de parcialidade. Tempo de eco. Vazio. Tempo de solidão, de exílio. Tempo de compartilhar, de liberdade. Tempo de racionalidade. Tempo de coração. Do tempo levo as marcas, o "calejo" dos pés. Do tempo levo os olhos cansados. Levo a pele enrugada. Levo a simplicidade de quem muito viveu a espera do tempo. Do tempo levo a sabedoria, o conformismo. Levo relutância. Feições que empregam vivência. Eu sou filha do tempo. O tempo é meu pai, e minha ,mãe. Sou obra do acaso. E moldura do TEMPO.
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Sou palhaço!
Sou um palhaço.
Tinta na cara, coração falseado.
Verdades mentidas.
Alegria inventada, dor teatralizada.
Vida encenada, não sou um sou dois.
Sou homem metade palhaço.
Sou palhaço metade homem.
Sou metade desejo de vida.
A outra desejo de morte.
Sou luz, brilho e palco.
Treva, escuro e ribalta.
Sou aplauso.
Sou vaia.
Sou o desejo do dia amanhã.
O desejo do nada no agora.
Sou riso dividido.
Sou criatura inventada.
Sou criador descontente.
Sou paciência da falsa inocência?
Sou pele de cobra.
Sou troca.
Mentira encantada.
Verdade inventiva.
Sou metade clareza.
Metade cegueira.
Sou botão de rosa.
Sou rosa florecida.
Sou catador de migalhas da vida, pra construir minha vida inteira.
Sou caçador de sorrisos, pra colorir o céu.
Nariz vermelho.
Alma azul.
Meio coração.
Meio razão.
Sou palhaço.
Entendedor da dor humano.
Graduado em corações humanos.
Pós graduado em felicidade instantânea.
Picadeiro montado.
Coração encenado.
Solidão.
Luz apagada.
Vida desmontada.
Plateia vazia.
Medo do eco.
Da junção e da separação.
Da ordem e do caos.
Da vida e da morte.
Fernando Araújo
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