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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

O estranho que me habita

Acho que todas as pessoas possuem um "Dark side", que vez ou outra cisma em permanecer mais aparente que deveria. 
Consegui encobrir esse lado, por intervenções alcoólicas, durante 25 anos.
Até que um dia .... chega o limite. Então, mostramos quem realmente escondemos. Aquele pior lado, aquele que ninguém quer por perto, aquele que você mesmo sente vergonha de ter dentro de si. 
Confesso ainda não saber lidar com essa outra metade da minha personalidade, por vezes um furacão em fúria que destrói tudo por onde passa, outras uma criança abandonada em um abrigo comunitário se perguntando se existe algum ser de luz no mundo como ele deixa pessoas se sentirem como ela esta se sentindo.
O fato desse lado existir, não apaga o outro que é de uma pessoa completamente decidida, independente e forte... 
Só que ser forte nem sempre é a solução e o fato de demonstrar fraqueza não te faz uma pessoa covarde, ambos os lados se completam. Ambos são a formação da personalidade, não a pior do mundo nem a melhor, mas a que eu estou aprendendo a lidar... 
A pressão da vida adulta nos faz querer ser sempre uma parede de concreto. Isso não funciona! 
Liberar seu lado ruim não te faz mau, te faz humano. Ninguém merece ser retraído a vida inteira, e percebi da pior maneira possível. 
Seja você, mesmo que seja estranho... :)

domingo, 25 de dezembro de 2016

Viagem ao interior

Daí você se defronta com o desamparo do seu íntimo.
Então, você enxerga coisas que estava imune a enxergar... como o grande abismo existente entre o discurso e a conduta daquele outro.
A falta de respeito para com sua individualidade... o fechamento e o círculo vicioso no próprio eu.
O abismo de seu âmago intimo se projeta na sua circunstância, o vazio se torna exponencial e por conseguinte a solidão, amiga.
Paulatinamente o inferno é reflexivo, projetivo é como uma série de espelhos justapostos um rente ao outro.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Sobre a vida.Ou não?!

Quero é ser cacto. 
Não quero estar no centro do jardim.
Não quero elogios que saltam facilmente de qualquer boca.
Não quero atenção diária.
Eu assumo com uma felicidade enorme no coração em querer ficar num cantinho, por dias, sozinha, sem a lembrança de ninguém pousando sobre mim.
E quando esse ninguém, se torna alguém, que saiba compreender meus espinhos.
Já passei dias demais sem água na minha raiz para eu querer alguma coisa além do que isso. 
VOU É SER CACTO NA VIDA.
ps: quem enfrenta os espinhos também vê que cacto também dá flor. 

sábado, 17 de dezembro de 2016

A aventura que é ser você mesmo

Na escala mais alta de sofrimento desnecessário está sem sombra de dúvidas a nossa preocupação por agradar a todos.
É muito possível que algumas pessoas olhem para si mesmo e neguem essa verdade. Que não seguem padrões e não se preocupa com gostos e preferências de todos.
Entretanto alguma vez na vida todos nós "filhos de Jah" já fizemos isso, e continuamos a fazer mesmo que em pequena escala.
A necessidade angustiante de ser aceita. De agradar todo mundo.
Muitas vezes, para fazer parte dos nossos ambientes sociais e afetivos, somos obrigados a nos harmonizar, e isso nos obriga na maioria das vezes ter que agradar, ser educado, dizer "sim" mesmo quando queremos dizer "não".
A chave disso tudo está no equilíbrio e inteligência emocional. Todos nós gostamos de agradar aos outros, isso nos torna pessoas acessíveis, mas não podemos fazer disso uma rotina.
As pessoas precisam "amar", e se alguém não pensa da mesma maneira que você ele está errado. 
Precisamos mesmo afinar nossas habilidades de "sedução" para atrair aquela possível pessoa que nos chama a atenção?
Gostar é como transmitir uma boa imagem em uma entrevista de emprego na qual você deseja obter um trabalho e uma projeção futura?
Dar um pouco não significa perder muito, trata-se de reestabelecer o equilibrio para que todos possam coexistir felizes alegres e contentes. Porque imagina se cada um de nós agisse em interesse próprio, marcando limites, etc. Perderiamos o sentido de sociedade.
Mas a pergunta que agora me vem a cabeça: ONDE ESTÁ O LIMITE? Onde se situa a fronteira entre a minha identidade e o que a sociedade me exige para me sentir, talvez não seja essa a palavra mas lá vai... integrado?
As pessoas tem sua propria essência, e essa essência nada mais é do que uma bagagem pessoal, onde estão nossos valores, emoções, auto-estima e autoconceito.
Essa jornada de autoconhecimento dura uma vida inteira.
Diferente do que muitos pensam, ser você mesmo num mundo de padronizações onde inventam versões suas não é facil. De um lado estão as expectativas do nosso ambiente de socialização. Somos convidados a sermos bons filhos, bons companheiros, trabalhadores felizes, estudantes aplicados e eficazes.
Às vezes acabamos experimentando na própria pele a chantagem e aquelas situações onde nos exigem certas coisas que vão contra nossos valores. E ta aí a aventura de ser você mesmo, exigem que, gostando ou não experimente pequenos confrontos cotidianos. No entretanto, não podemos enxergar isso com maus olhos.
Definir limites para o que queremos e o que não estamos dispostos a fazer permite que os outros se relacionem muito melhor conosco, porque eles podem ver e entender como nós somos.
Claro, nem todo mundo tem bom gosto para apreciar nossas manias e nosso jeito. O mundo não termina com um "não gosto de você". Na verdade, isso nos abre outros caminhos mais adequados.
Porque quem se esforça dia a dia para agradar todos acaba se afastando da sua essência e do caminho pessoal no qual estão a autoestima, o equilibrio e a identidade.
Se alguém não tem o bom gosto de apreciar seu caráter, sua risada escandalosa, seu senso de humor, seu sarcasmo, aquele bico de raiva e sua paixão pela vida. Não se preocupe, vida que segue.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Entre um ano e outro

Hoje o céu escureceu às três e vinte da tarde. Quase como faço toda noite, me vi pensando no dia anterior e no que havia acontecido.
Daqui a 17 dias virá outro ano e eu não estou triste com nenhum dos fins que ele me trouxe. E o que mudou do começo pra cá?
Eu me tornei pequena e frágil, quase caibo em uma mão. Minha memória que já não era das melhores, está pior. Esquecer também dói. É por isso que eu quis ficar... Eu nunca poderia admitir que tudo que passei ficasse apenas em uma única lembrança a mercê do que outras vivências podem me fazer esquecer.
Passo por uma tempestade todos os dias... Raio e trovão.
Primeiro luz, depois barulho.
Só essa semana já desisti e me vi sem futuro umas 500 vezes. Como se soubesse o que acontece a 400 km de distância você aparece e me faz tentar querer enxergar além do hoje... "só mais alguns dias". Eu já tentei afogar esses sentimentos, mas depois de quase um ano ambos sabemos que eles sabem nadar. Essa é a dor e a beleza de tentar levar qualquer coisa não denominada que tenho... Eu dancei lindamente com a beleza, sem temer a dor.
Quanta ingenuidade...
Somos linhas paralelas: sempre próximos mais nunca juntos. E posso te contar?
Eu encontrei sinal de vida na sua cor de marte.
E todo esse tempo afastada, faz aquietar o som da sua voz no meu ouvido.
Me tornei o que eu sempre critiquei. E não te julgo ou me julgo por isso... A gente faz o que quer fazer. E se chegou a esse ponto foi porque permiti, afinal toda rosa tem espinhos.
A pergunta é.. até quando você vai continuar se permitindo ferir porque eu não sei lidar com o que passei esse ano? Porque sinceramente eu não tenho a menor ideia do que to fazendo com a minha vida.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Libertação e privação

O problema do ciúme (e há vários ) é que ele desumaniza as pessoas. Como posso privar de sentir, ver o mundo, observar as pessoas e viver?
As pessoas não são casas que você compra e adquire posse. E a nossa liberdade não esta à venda porque entramos em qualquer tipo de relacionamento. Você não é de ninguém porque decidiu caminhar ao lado da pessoa e compartilhar algum tipo de sentimento com ela. Relacionamento de qualquer natureza não é prisão e relacionamento também não é muitas outras coisas que o ciúme se propõe a ser.
Em uma sociedade que naturaliza o ciúme como consequência do amor, e romantiza relações onde esse movimento de posse é constante, fica a pergunta de quando entenderemos que o outro não é objeto que surge através do preço. A pessoa que você escolheu para estar ao seu lado não está pagando nenhuma dívida, não está devendo alguma coisa, não foi comprada. Não há compra em relações onde a conexão, o respeito e a liberdade habitam. Não há possessão quando as casas são construídas, sem cerca, sem muro, barreira.
Ou se abre caminhos ou se constrói barreiras, e a pessoa que está com você e que você diz amar também precisa ver o mundo além dos seus ombros.
Como você, humano, chega ao ponto de aniquilar sensações, pensamentos e movimentos de outro ser humano? A sua capacidade de ferir quem está com você para nutrir determinado capricho, para satisfazer sua necessidade de estar no controle, para colocar a mão no pescoço do outro e lhe retirar o ar?
Amor é quando se respira em paz.
Quando é que você vai entender que superproteção não tem nada a ver com arrancar o talo da flor? 
As flores precisam crescer!
E elas crescem com o sol, água, gente. Quando é que você vai entender que ciúme gera instabilidade, aspereza e desconforto?
Você procura uma relação pra se sentir confortável: quando se estica o braço e não há censura. Quando se viaja sozinho e não há censura. Quando existe o conforto de entender o outro como livre o suficiente para sair de casa-sem-muro porque se sabe que ele pode (não que ele vá) voltar.
Amar também é regresso.
O ciúme é como ter um apartamento à beira-mar com seu interior caindo aos pedaços. Porque é isso que ele traz: destrói toda possibilidade e confiança; aniquila toda fé numa relação saudável; faz você destruir sonhos, sistemas, experiências e outros seres humanos - que assim como você também só estão vivendo a promessa de que amar é libertador.
E agora é com você, quando é que de fato você vai enxergar que somos além daquilo que o outro espera, que o outro promete, que o outro faz. Quando é que seu amor vai libertar alguém?

domingo, 4 de dezembro de 2016

Do alter ego para o ego

Você que sobreviveu a relacionamentos abusivos e sobreviveu a vontade de morrer depois da devastação que pessoas causam na sua vida. Você que nem sabe o que significa a palavra resiliência, mas que deu um abraço nela no momento mais difícil da sua existência. 
Você, que agora entende o que é ser RESILIENTE, e nunca mais larga a palavra e o que ela te trouxe. Você é forte, você é grande e você sobreviveu aos piores dias da sua vida. E você sobreviverá a outros tantos que ainda estão por vir.
Não se pressione tanto pelas coisas que não são do seu controle. Não machuque seu próprio corpo em detrimento de promessas que não se cumpriram, de situações que poderiam ser mudadas no passado, de palavras que não foram ditas. As coisas simplesmente acontecem e a gente precisa seguir em frente sabendo que em alguns momentos teremos de abdicar do conforto, da palavra e até mesmo da discussão.
Você descobrirá que tem camadas de proteções até outrora desconhecidas e você renascerá na própria dor sempre que precisar fazê-lo.
Preserve seu corpo, ele precisa de você mais do que qualquer outra coisa no mundo. Preserve sua saúde mental, escolha aquilo que possa te ferir e se afaste. Não é errado querer estar bem e longe de tudo que machuca - e tanta coisa machuca não é mesmo?
Tire um tempo pra você. Pra sua mente poder descansar do cansaço do mundo. O silêncio é assustador, mas o barulho é pior ainda. 
Você é a pessoa que mais importa neste processo todo de descoberta de como se proteger. Respeite seus limites, os limites da sua mente, dos seus próprios movimentos e não se esqueça: faça de si mesmo uma prioridade.
E quem sabe no fim você vai dizer que a vida é boa e que viver é bom, veja só, você está aí intacta, ilesa, livre do que é ordinário, comum. Você ultrapassou todos os limites da sua propria fé em alguma coisa e você entendeu que a entrega será sempre mais honesta do que a covardia dos que se acomodam debaixo do conforto. 
Você é incrível por tentar. E é mais incrível porque se autorreconhece como um ser humano cheio de amor e luz para emanar. Você esta aí, no auge da sua vida, e tem muito mais para vir. E eu te desejo coisas grandes e incríveis e inesperadas e imensas e gloriosas e inomináveis. E que você, depois do furacão, compreenda a sua própria força como uma benção. Que tudo isso é eu. Que você é isso tudo. Eu me orgulho muito do que você é e daquilo que você está se tornando. RENATA, você é forte sim!
LEMBRETE PRA VIDA.








sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Mais uma dose.

Acordo de um sono de 3 horas, um sono irrequieto, onde as coisas são mais vívidas que a realidade. 
Custo a enxergar, viro pro lado pra tentar me distrair com alguma coisa que não sei o que é. 
Não olho diretamente pra nada que me liga a minha irreal realidade.
É efeito do que me corrói por dentro. 
De longe enxergo a estante e conto os comprimidos pela 6ª vez no dia. 
Minha cabeça pesa, os pensamentos voam, mais uma vez olho pra estante e conto os comprimidos. 
Levanto.
Escovo os dentes olho no espelho e não reconheço o reflexo que me olha de volta. 
Tento me desligar de tudo aquilo que me liga ao mundo, penso sobre os comprimidos pela 8ª vez... Balanço a cabeça tentando afastar qualquer ideia que me liga ao fato. 
Deito novamente. 
Lembro de quantas vezes eu passei por isso nos últimos anos... A culpa me consome como o fogo pega num mato seco.
Qualquer movimento a minha frente me faz arrepiar dos pés ao cabelo, 
confusa.
Ajoelho, oro e peço que o vento me leve.
Me leve pra longe daquilo que eu escolhi...
Meu coração aperta.
Perco meu fôlego
Até me afundar no destino que eu quis.
Ou não,
Já não importa,
já era.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

De onde vem a calma.

A solidão é o momento que você se encontra consigo mesmo sem medos. E, sem medos, começa a se limpar de todas as feridas que o mundo te fez. Quando a mão está pesada mas é preciso retirar a ferida que descasca e ainda provoca dor, aí você tem medo de descobrir que está mais ferido do que supõe. 
Em alguma parte da cidade jaz alguém aflito pela ausência, e a sua perna que ainda não descobriu uma maneira de doer menos.
O coração, que é um músculo, também está ferido. A sujeira do mundo contamina os átrios. Em qual pátria se deixou perder?
A solidão existe pra você colocar a mão na própria pele e ir descascando todas as fraquezas. A memória que você guarda, seus fracassos e um futuro incerto.
A solidão vai te ferir em momentos específicos da vida. Vai sentar com você em cadeiras de casas de veraneio, vai correr com você por ruas alegres de finais de semana também alegres, vai abraçar seu corpo no meio de um dia febril. A solidão vai te acompanhar em rotações, dias, horas, minutos e segundos. Vai ferir sua autoestima, golpear seu estado mental que já não anda muito bom. 
A solidão dói porque me mostra que a sutura não muda. Passam-se anos, árvores continuam sendo podadas, o petróleo no golfo se esparrama, transsexuais continuam a morrer exiladas em culpas patriarcais e tudo se desmancha. 
Quando eu estou sozinha no meu quarto o mundo se desmancha. A vida derrete. Meu corpo se debate e não acredita que ainda está aqui, vivo.
A solidão vai coexistir em meio à felicidade clandestina dos que "se amam".
Isso é só um aviso: a solidão muda de casa, engatinha pelas ruas do bairro, ciranda nas praças, instala uma primavera, finca um mês no seu pescoço, desaba uma semana, reverbera.
A solidão serve pra curar você de si mesmo. Daquilo que seu corpo abarcou na viagem entre a sua casa e o terror do mundo. Você viveu, foi exposto, feriu, foi ferido. Agora você volta para casa. Agora você entra no banheiro. Agora você coloca a cabeça debaixo d'agua rezando pra ela te afogar. E você se limpa.
Acaba o tumulto, a tremedeira, o suor frio, o pensamento de morte eminente e a dor latente. Os remédios anestesiam.
E você repete como um mantra: tá tudo bem.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Reflexo

Osho dizia que só conseguiríamos enxergar puramente um ao outro se tirássemos de nosso olhar toda a poluição e tudo aquilo que nos forma.
Se eu espero que você toque na minha mão enquanto a gente caminha pelas ruas da cidade, a frustração disso não acontecer é puramente MINHA. Se eu te enxergo bonito pela manhã mesmo com o cabelo bagunçado parecendo um dos batutinhas, isso é um reflexo de informações, códigos e conceitos que eu criei na minha cabeça. Você aparenta ser um caminho confortável por onde posso andar sem risco.
Se eu olhar pra você agora, no entanto, o que eu vou ver vai ser eu mesmo?
Medo. 
Desde o dia que pisei no mesmo espaço/lugar que você. E eu via você segundo aquilo que esperava há muito tempo: alguém que me via além da casca. Eu vi você pelas lentes poluídas do meu coração manchado e Osho me detestaria por isso, mas seguimos, ambos, nos olhando e concluindo segundo nossos conceitos, teses e construções.
O amor é construção.
Eu enxergo você pelo que você me proporciona. Você só existe pra mim porque meus sistemas te notaram no meio de muitas outras pessoas que também buscavam por paz. E eu gostei do seu cheiro - até do paiol -, eu gostei da maneira como você se vestia, como me abraça apertando minhas costas até como você joga a blusa de frio no ombro por preguiça de carregar na mão. 
Mas nunca fomos puros e imaculados.
Não temos o poder soberano de nos despirmos das nossas histórias para enxergar o outro com pureza. E quem é que quer abrir mão de todas as teses, bagagens e experiências em troca de um relacionamento puro e limpo? As pessoas se esbarram carregadas por essas histórias, cheias de outros traumas. E o amor é propriedade. Peito aberto, alma limpa, desejo de se entregar e olhar sem viseira.
Você é capaz de me amar por aquilo que eu sou e não por aquilo que você quer que eu seja? (Quero essa resposta) E entrar numa relação inteiramente limpo de si mesmo e limpo, principalmente, de tudo que carregou até aqui?
Hoje eu queria enxergar você e não aquilo que eu projeto em cima dos seus ombros. Hoje eu queria enxergar todos os seus tropeços como parte de você e não como desculpa para eu ir embora na primeira merda que você fizer. Hoje eu queria te enxergar como um ser humano perdido igual a mim, correndo atrás de um porto seguro no meio de um furacão que vem sem aviso prévio. Hoje eu queria te enxergar sem medo de me arrepiar com o demônio que há em você, sem medo de me surpreender com o sobrenatural que habita em você, sem medo de encontrar restos de um passado que não tem tanto tempo assim.
O amor sucumbe porque a gente se olha e não se vê. A gente nos vê. E é horrível perceber no outro aquilo mesmo que somos: ruins.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Se...

Tentei enumerar sem sucesso todas as vezes que meus dias foram de ótimos a "os piores" dias da vida. 
Isso é uma coisa que tem ocorrido com frequência devido há alguns problemas passados, presentes e futuros também.
Futuros, porque eu sempre digo que não acredito em quem não cria expectativa com as coisas, todas as vezes que alguém fala que não cria expectativas eu reviro meus olhos. Reviro porque é mentira. Sim, amiguinhX!!! Uma hora ou outra na sua vida você vai se pegar naquela situação " E SE..."
Cabe tanto dentro se um "se". Qual a profundidade um "se" pode oferecer, com uma vida baseada em "se's" de etiqueta, ostentações alcoólicas e conveniências. 
Não confio em "se's" matemáticos que sabem calcular, e fazem seus cálculos antes de se relacionar.
Infernal sensação!!!
Se, se já tivemos um fim não acham que deveria se conter em permanecer no além e que fosse um além um pouco mais literal. Não digo longe do meu plano físico, não é o desejo do sumiço de se's no mundo, mas a distância que eu digo é do meu plano metafísico, MEU mundo. Além do meu inconsciente que teima em conscientizar. 
"Se", você quer uma metáfora? 
Amor é correr em quarto escuro!

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Verdade ou mentira?

Você me irrita, logo existo!

E a partir daí vem toda a cascata de fúria, maldade e insensibilidade. Obsessão em verdade e vício em utopia. Imaginava que a verdade era singular, e todas as versões da verdade fossem inverdades. Quando na verdade, a verdade é abstrata.
Desde que você acredite no que você quer acreditar ou desacredite no quer desacreditar, você faz a verdade que lhe convém, o que não quer dizer que a minha verdade é certa e a sua errada. 
Aqui se encaixa uma metalinguística Aristotélica de uma mente tentando se materializar. Tentando respirar. Mas a real, é que não temos prova alguma de que a mente exista. De que nós existimos, de que você que tá lendo isso agora exista! 
Tento te entender, mas não compreendo. Porque compreender é prender com. No caso da mente um crânio? O que conhecemos são apenas meros fragmentos, músicas, livros, filmes, séries, preferências... E o vasto conhecimento das sinapses neurais e o mapa das químicas no cérebro nos dão uma "prova?" da sua existência. Mas como eu disse, ou melhor, como me ensinaram na psicologia, a verdade é abstrata. E todas as versões da verdade podem ser uma possibilidade. É tudo uma questão de como olhar.
Se a mente não existe, ou se eu não existo, como pode o sentir ser tão intenso? Se sentir e existir não estão ligados eu já não acredito em mais nada na vida. 
A partir do momento que me diagnosticaram e me medicaram pra "síndrome do pânico" eu fico tentando imaginar como seria não conviver com um milhão de pensamentos por segundo. Se isso não é normal o que é ser normal? Ser alheio a tudo?
Se minha preocupação com tudo é demais o que é ser de menos? 
Não se responsabilizar por nada... A minha verdade é o meu mundo, e nesse mundo eu sou "perfeita" do jeito que me criei, das coisas que aceitei e de como eu levo minha vida até hoje.
Nesse universo de verdades e abstratividades:

"Mover é respirar e respirar é viver.
Parar é morrer.
Remar é viver e viver é difícil.
Mas viver é melhor que perder tudo que nós somos,
Tudo que nós sabemos, tudo que nós sentimos..."

Embora todo esse debate seja apenas uma observação, com muitas pontas soltas e de certa forma um raciocínio até meio cru, essa é a reflexão que deixo com vocês. O que é preciso pra ser normal?

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Coisas que eu não tenho coragem de te dizer sóbria

1. Eu me apaixonei por você estando a quilômetros de distância, e Deus sabe o quanto foi difícil pra mim conceber isso,se eu acreditasse nele (ou ele em mim)

2. Eu sempre gostei mais de você que você de mim e eu nunca me preocupei tanto com o fato de você gostar menos. Nunca foi competição, sempre foi encaixe. E a gente cabe nisso.. Você pode negar 20 vezes, mas não pode fugir da verdade: sendo eu bastante diferente das pessoas com que você já me contou que se relacionou, nos encontramos no momento exato em que precisávamos um do outro e nos suportamos mesmo quando os hormônios interviam, o que sempre nos faltou foi coragem. 

3. Quando compreendi que a nossa relação era efervescente, que eu me reapaixonava todas as vezes que íamos e voltávamos. E é sempre tudo como se fosse a primeira vez, é anestesiante. Sei também que eu nunca te deixei sentir minha falta, talvez esse tenha sido o meu pecado em inúmeras vezes....

4. Tá tocando breezeblocks, e todas as vezes T.O.D.A.S que eu escuto essa música na parte do "Plz don't go i love u so" eu fico repetindo isso na minha cabeça como um mantra, eu sempre penso em como isso tudo fodeu comigo e com a minha cabeça, e como eu gosto disso tudo ter acontecido na época que aconteceu. Eu sinto sua falta todas as noites, até nas que eu falo com você.

5. Meu maior medo não é de não ficarmos juntos, e sim que você se apaixone e não seja bom porque você merece algo bom, você merece a paz que me passa todas as vezes que dorme abraçado comigo, você merece a calma que me passa em momentos de tensão e a paciência que tem comigo quando estou em momentos de crise, queria poder retribuir mais... Não quero que se apaixone por alguém incapaz de carregar suas particularidades no colo e te beijar mentalmente nas quedas, como eu sempre faço

6. Queria sentir mágoa ou raiva ou alguma coisa que me motivasse a ser outra pessoa, queria mudar minha personalidade e esse jeito impulsivo que sei que te incomoda... mas eu ainda queria ser a mesma pessoa com quem você quis ficar mesmo sabendo de todos os riscos que corria. Mesmo os meus princípios gritando todos os dias na minha cabeça que não era certo, continuamos e estamos, ainda sou essa pessoa, mas hoje vejo uma grande diferença do que era e do que é...E ambos mudamos, melhoramos e nos entendemos.

7. Te espero com explicações matemáticas e físicas que se atam ao infinito, mas entendo... Com a garganta fechada, olhos inchados e coração como um país em guerra. Que a distância dentre outras coisas é soberana, ela escolhe quem vai e quem fica. Ficar seria só uma consequência e eu te amo.

Claro o efeito do que o estômago aguentou hoje fez diferença, mais não esconde a total certeza do que É. É e pronto, sem distinções, sem frescuras e sem esperanças, dia a dia, hora após hora, minuto após minuto...seremos nós ou não seremos nunca.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Dois não dois mil

Vasculhando as redes sociais, me deparo com tantos casais "apaixonados" nelas espalhados, o que me deixa a pergunta: É amor? O amor no meu ponto de vista é aquilo que acontece com o decorrer do tempo, quando você conhece a pessoa detalhe por detalhe, roupa por roupa, atitude por atitude, gostos, conteúdo e absurdos. Não quando você está com uma pessoa que ao seu ver, forma um casal bonitinho. 
Amor vai além dos textos apaixonados na página um do outro e do "eu te amo" não raciocinado. O melhor do amor é a parte que fica entre quatro paredes, que ninguém vê, que ninguém sente, que ninguém sabe. É a parte do olho no olho, das palavras que não são demonstradas a todos, e sim apenas à pessoa que se ama. Amor é quando você conhece os defeitos do outros e os aceita. Quando você não estipula a roupa que o outro usa, as amizades que o outro tem, os gostos que o outro carrega. Amar é aceitar, é não deixar de amar quando não corresponde ao seu padrão. É amar na distância, na ausência, na falta de ligações e mensagens. É amar quando o outro não tem tempo, quando prefere ficar em casa, quando sai com os amigos, quando faz cara ruim.
Amor não é romantismo mostrado à púbico, é o romantismo que ocorre ao longo de uma briga.
Penso que amor que dura é amor que aguenta. Que tem espaço pra crescer, que tem liberdade, confiança e que favorece as duas partes. Tanta gente que abre mão do seu prazer, estilo, rotina apenas para agradar o companheiro, e até que ponto isso realmente conta? Até que ponto uma pessoa viver apenas em função do outro é amor? 
Casais que realmente se amam são cúmplices, parceiros e discretos. Não é mostrando o amor aos demais que faz com que ele realmente exista. Amor é segredo. Amor é silêncio. Amor é dois.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Cine Íris

A primeira vez que assisti Blue Valentine, eu fiquei com um vácuo no peito durante sete dias. Prometi a mim mesma que apenas veria novamente quando eu tivesse estabilidade emocional pra não ficar com outro vácuo no peito durante sete dias. Já faz três ou quatro anos que nunca " Como pode confiar em seus sentimentos, quando eles podem desaparecer assim?" ou "Sabe quando uma música toca e você precisa dançar?" até hoje.
Lembro que fiquei martelando: amor não é suficiente, amor não é suficiente, como se fosse mantra, mas só que eu não conseguia ter paz com ele. Pelo contrário. São necessários tantos anexos que a ideia de ter apenas a planta ou o telhado não é possível. Não dá pra sobreviver dessa forma.
Eu quis me desintegrar durante o dia com a chuva porque se eu fosse levada pelos bueiros da cidade talvez desembocasse em algum lugar longe dessa cidade que está toda marcada de você. E eu que mais pareço alguém assustada, pálida, que vive encontrando com fantasmas, cortando caminhos, desviando para não encontrar com símbolos do meu eterno luto.
Mas além de tudo, eu não sou menina. Nem a natureza nem os homens nos querem infinitos, porque eles nunca souberam o que fazer com algo que dura. E eu só anseio durar um tempo atrás do outro, quem sabe, desse jeito, você esqueça que eu cheguei meses atrás e goste de mim como se tivesse me conhecido agora.
Porque inícios são tão incríveis, mais é o que vem no meio da história que faz a gente sentar e ouvir o que segue depois. Eu te seguiria como os olhos de um astrônomo sob uma constelação nova. Como um físico que achou uma segunda teoria pra explicar a aceleração e o repouso.
Eu não quero ser um exemplo da seleção natural só porque eu não consigo desenvolver o medo em coragem. Só que eu não consigo transformar raiva em compaixão sempre. Só porque eu não entendo porque não podemos ser crus e isso bastar...
Eu me refleti na sua íris e explorei, ali, toda sua existência pós-mim. Que a mágoa do universo em não saber permanecer não te devaste. A terra está se afastando do sol a uma velocidade de 15 centímetros por ano. É assim que seguimos em frente porque o amor, por si, não pode plenamente nos salvar como já o fez algumas outras vezes?
Na cena final, não quero te observar indo embora. Não acho justo. Se alguma hora, acontecer, lembra também do que você disse "vamos nos esquecer juntos" porque, embora continue não sendo justo, minha parte preferida em você nunca foi as costas...
Eu me refleti na sua íris, e me apaixonei, ali, por toda sua existência antes de mim.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Cara ou coroa

Tudo isso não passa de confusões inconstantes, pouco afetivas e um eterno para-raios dos próprios excessos.
E sabem do pior eu gosto disso. Já sobre o outro lado, tenho certeza que nem sabe porque insisto em comprar tênis de várias cores diferentes. Na verdade acho que não existe um "porquê".
Metade de mim pensa nisso o tempo todo, a outra nem sequer "gosto de você" de emergência. 
Uma parte entrega o mundo. A outra decide se merece Cubatão, algum lugar do Iêmen.
A verdade por trás dos dois lados de uma face só é desconhecida. Ninguém ousa se aprofundar muito em medos, traumas, histórias e vontades. Eu insisto pelas reticências, e a outra metade me mune de pontos finais. 
Não sei se essas metades têm gostos diferentes, ou se elas gostam de coisas totalmente iguais, é difícil saber ao certo o que cada uma pensa por se tratarem de duas metades de uma mesma pessoa tão incerta e confusa, ou seria certa demais?
Quando isso não me faz um mal repentino, me faz um bem danado.
Agora me perguntem, se eu já pensei em dizer tchau? TODO SANTO DIA. Se eu já pensei que era paranoia e que eu tava ficando louca? Duas vezes, TODO SANTO DIA.
Não sei se é um olhar maduro ou uma cabeça de crianças que me faz insistir... vai saber.
Acontece que tá tudo de cabeça pra baixo, e não estou falando que eu não queria que as coisas ficassem assim.
Nessas confusões ninguém mexe, ninguém ajuda, ninguém discorda. São minhas. É o meu mundo, são as minhas vontades, os meus horários, as minhas perguntas, as minhas verdades.
E depois de um dia cansativo, só existe uma paz. Infelizmente essa é uma toca que cabe só um. Não sei quanto tempo perder e nem quantas preocupações quero colecionar nem quantos beijos vou desperdiçar por achar que eu não estou vivendo o que idealizo. Perco tempo demais pensando e dando voz às colecionáveis pequenas verdades absolutas que circulam entre esses dois lados.
Penso, insisto mais uma vez e acabo dando ouvidos a uma parte menos ruim, fico ali, por birra e "paixão?"
Certamente quem morre no final se não eu mesma. 
É uma parte toda Califórnia, sol, bebidas e pop americano. Hoje pensando melhor 80% é Arizona: um deserto cheio de liberdade, mas com poucas opções, ou aceita ou corra para as colinas. Se eu prefiro um a outro?
Claro que eu quero o sol, as bebidas e a música alta... Mais me pergunto todos os dias se meu lugar não é nas colinas.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

8 ou 80

Um dia desses ouvi de um amigo uma verdade bastante intrigante.. "Chega uma hora na vida que você tem que abrir mão do seu lado [selvagem?] para manter, amigos, empregos, etc. Ou você pode continuar sendo louca e vivendo a sua maneira e ficar sozinha."
No meu último emprego, quando sai um dos grandes amigos que fiz me disse que eu tinha mania de falar o que eu penso e que isso as vezes se tornava um ponto negativo, principalmente em questões empregatícias. 
Acho que eles têm razão. E venho tentando, com orações dadas pelos meus parentes mais próximos desesperados com meu jeito "meigo", muita conversas com amigos em geral, terapia, etc ser uma pessoa mais equilibrada. 
As pessoas tem mania de dizer que "Quem briga por tudo e quer medir poder com todo mundo, na verdade está tentando provar que não é um bosta, e que tá brigando consigo mesmo". Sabe o que eu acho? Pura verdade, quando minha auto-estima tá em suas piores fases, é aí que a coisa pega: fico com mania de perseguição, acho que tá todo mundo de cara ruim pra mim e que existe um complô universal contra minha frágil pessoa (ego). Meu ataque nada mais é do que auto-defesa o que tenho praticado bastante, inclusive já estou sentindo um escudo em volta de mim tem até cor.. é meio cinza com preto. 
Mais a verdade é que eu ODEIO o equilíbrio. Se eu tô puta, eu tô puta! Se eu tô com ciúme eu não vou sorrir amarelo e mostrar controle porque eu preciso ser forte e bem resolvida. Se tem um filho da puta na minha sala de faculdade que trata mulher igual lixo no tinder eu não vou fazer política da boa vizinhança, eu vou mais é berrar e libertar essa verdade de dentro do meu fígado: você é um grandessísimo filho da puta! Se a vaca da caixa do supermercado me olhar torto eu vou é pensar que ela não vê um ... a anos. O sangue ferve aqui dentro, e eu não tô afim de transformá-lo num liquido ralo que um dia vai me dar câncer. Eu não quero contar até 100 quando eu tiver meus ataques de ansiedade. Eu quero é espancar a porta do elevador se ele não abrir ou se ele demorar (tanto faz).
As vezes sou antipática mesmo, o mundo tá cheio de gente brega e limitada e é um direito meu não querer fazer parte do mundo dessas pessoas, não tô fazendo mal a ninguém, só fazendo bem a mim. 
Meu psicologo fala que eu preciso descobrir outras formas de lidar com as situações, o problema é que eu sou 8 OU 80 pra mim ou é ou não é. Eu sei que ele tem razão, mas é tão difícil ver todo mundo acordando de manhã sem nada na alma, é tão difícil ver todos os casais que eu conheço que só sobrevivem na cola de outros casais que por sua vez só sobrevivem na cola de outros casais... É praticamente impossível que as minhas contas no fim do mês valham a disputa de egos que eu vejo diariamente na faculdade, essa gente que se acha "super" mas não vai passar de vendedor de sabonete ambulante.
Parem de sorrir automaticamente, humanos filhos da puta, admitam que vocês não fazem a menor idéia do que fazem aqui. Admitam a dor de estar feio quando se acorda feio, e admitam que estar bonito não adianta porra nenhuma...
Contar pro cês, eu continuo perdida e sozinha depois de 5 cartelas de sertralina, achando tudo falso e banal e achando que médicos receitam remédios só pra lucrar juntamente a industria farmacêutica, apesar de precisar do remédio pra dormir e acordar com ressaca de vida medíocre todos os dias...
Você disfarça sentimentos a vida toda, disfarça para não parecer fraco, louca, pra não aparecer demais e poder ser alvo de crítica ou então pra ter com quem deitar e ver uma série no domingo, e para aqueles que nos pedem socorro, muitas vezes disfarçamos cegueira. 
Você passa a vida cego pra poder viver. Porque enxergar além do seu mundo, enxergar a verdade dói demais e enlouquece e louco acaba sozinho não é?! Vão querer te encarcerar, te padronizar, te medicar porque ninguém quer uma maluca que te lembra o tempo todo da angústia da verdade e de ter nascido. Ai passamos a vida cegos, mentindo, fingindo, teatralizando o personagem que sempre vence, que sempre controla, que sempre se resguarda e nunca abre a portinha da alma para o mundo. Só que essa portinha um dia vira pó, e você morre sem nunca ter vivido, e você deixa de existir sem nunca ter sido notado. Só mais uma cara produzida na foto de mais uma festa produzida, é um coadjuvante feliz dessa palhaçada de teatro que é a vida.
Sabem porque eu morro de insônia? Porque antes de dormir é a hora perfeita para sentir o soco no estômago.
Você aceita a vida, porque é o que a maioria acaba fazendo para não se matar ou não matar todos os serumaninhos que escutam você reclamar horas sem fim das incertezas do mundo e respondem sem maiores profundidades: relaaaaaaaaaaxa!
Eu não vou fumar, não vou cheirar, e não vou beber o que o dinheiro der e o estômago aguentar, não vou fugir de querer me encontrar, de saber que merda é essa que entristece me tanto, de achar um sentido para eu não ser parte desse rebanho que se auto-protege e não sabe nem ao certo do quê. E eu não vou relaxar.
A única verdade que me cala vez ou outra e me transforma em alguém estupidamente normal é que virar uma louca que não mede o que fala, sem amigos, sem relacionamento e sem família, só é legal se você tiver alguém pra contar o quanto você é foda no fim do dia.






domingo, 23 de outubro de 2016

Desculpa ou com culpa?

Desculpa não é nada mais nada menos que um sentimento egoísta travestido de altruísmo.
Uma necessidade de se manter bem consigo mesmo, diante de um copo quebrado. As "desculpas" não vão concertar o copo que quebrou e muito menos voltar no momento exato da queda do copo.
Ela só serve pra te iludir que o copo se concertou ou que ele nunca caiu.
E assim foi, todos esses anos. 
A busca incessante intermitente por uma resposta, supostamente mais elaborada que a simples obviedade da coisa. No final crer no óbvio passa a ser normal, tornar a coisa racional faz parte do ser humano e do seu processo de aprendizagem e se tratando do campo da racionalidade passamos a ver as coisas como elas realmente são. Deixamos os floreios da emoção de lado e vemos a verdade. 
Talvez você leia tudo isso e não entenda nada e essas palavras talvez não foram sentenciadas para o seu entendimento. 
E a parte que "talvez" tenha lhe cabido de fato foi elaborada pra te conectar. 
No final, você acaba percebendo que o que te liga as coisas são os mistérios ou o enigma de resolvê-las. É como os cientistas da velha guarda pensavam " é muito óbvio pra isso ser uma resposta", quando na verdade arcaico é pensar que toda resposta exige uma complexidade. 

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Viagem no tempo.

Queria ter te conhecido antes, muito antes. 
Pra que nenhum de nós dois tivesse medos ou cicatrizes. Queria ter estado com você quando seu coração descobriu o que era "sentir", quando seu corpo descobriu o que era desejo, e antes que pudesse sofrer eu estaria ao seu lado te amando e me entregando, e juntos poderíamos ter aprendido as lições da vida e do coração.
Queria ter te conhecido naquela época que você tanto fala em que suas esperanças começaram a nascer, quando seus sonhos ainda eram puros e seus ideais ingênuos.
É uma pena termos nos encontrado só agora, já com o coração viciado em outros amores, com uma imagem falsa do que é felicidade e do que é se entregar.
Queria ter te encontrado em uma outra vida em um outro tempo, em que não precisássemos temer o futuro nem os sentimentos. 

domingo, 16 de outubro de 2016

Live and let die.

Às vezes eu tenho a audácia de pedir a vida que me permita ir embora, porque não aguento mais os meus dias sobre mim. É um constante peso, diário, quase que como um filho que está prestes a sair de dentro da mãe.
Então eu deito minha cabeça no travesseiro, coloco a musica mais triste do mundo e começo a conversar com aquilo que chamam de Deus.
Ponho-me de bruços, estendida sobre o desconforto de respirar e choro. Choro o buraco que existe em mim. Choro toda a pressão da vida adulta me sugando. Choro pelos que morrem invisíveis como eu. Choro por mim que não sou forte o suficiente para prosseguir.
As pessoas se jogam de apartamentos sabia? Elas simplesmente se vão em sextas-feiras de julho. Algumas sem aparente razão, vão-se porque estão cansadas.
E eu só me sinto cansada. 
Principalmente de não conseguir que algum cometa atinja minha ferida e me deixe ir. Há anos eu não sei o que é estar confortável dentro do meu próprio peito.
" Entre o corte da espada e o perfume da rosa. "

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Morto/vivo?

Quem tem pena do passarinho que morreu no fio de alta tensão? Ou o que morreu comido por um gato, no asfalto atropelado esmagado no chão. 
Prefiro pensar nas horas de voo, na sua primeira decolagem, na magnitude que é voar, na delícia que é estar vivo... Morrer todo mundo morre. Agora viver, viver de verdade, viver com toda a intensidade que podemos aguentar, viver com o vento na cara e a sensação de liberdade... é pra poucos.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Reciprocidade

Eu por mim.
O que me sufoca, é esse mistério que mora dentro de mim, que eu não consigo decifrar. A cegueira a respeito do que sinto é desesperadora. Sinto tudo com tanta intensidade que tenho a impressão de ser só alma.
- Ponto positivo:
Acabo gostando de você, pela maneira como entende e medita sobre meus silêncios. Ou quando sorri com os olhos.



quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Sobre resistência e reconstrução.

Eu tive medo de não conseguir me reconstruir. Eu tive medo de me perder no caminho entre a faculdade e minha casa e eu tive medo de nunca mais me recuperar do baque que foi a entrega descomunal a você.
Quando a gente se entrega sem ligar para os danos, a cratera é maior porque não calcula-se a altura muito menos o diâmetro do sentimento - e a única vez que senti seu tamanho foi quando te abracei na saída da última aula e pedi que ficasse. E falando em cratera, lembro que aconteceu dela aparecer numa dessas estradas entre SJDR e Formiga, parando o trânsito em ambos os sentidos, tudo parou. No meu caso, eu continuei. Porque era a única maneira de mostrar aos meus amigos que eu estava "seguindo a minha vida". E seguir a minha vida foi a melhor coisa que eu fiz - percebo isso depois de me questionar o que você ainda representa na minha vida e enxergar que você foi só aquela máquina que afunda ainda mais os entulhos ao invés de retirá-los.
O medo de não saber o que fazer depois de você sempre me anestesiou da realidade, por muitos dias eu vivi à deriva e por esta razão não consigo exprimir sobre o que, de fato, aconteceu comigo nos dias pós-nós. A minha existência foi dividida em duas porque você ousou tocar minha alma. Eu existi antes, respirei durante e resisto agora. Eu fui sua metáfora sobre como a gente pode se diminuir para o outro caber - e eu falo de resistência porque só quem foi muito machucado pela entrega sabe o que é tentar de novo depois de algum trauma.
Você é temeroso que outra pessoa pise em toda sua construção emocional, fica imaginando que pode ser ferido por qualquer mínima coisa e você se isola. De repente você é uma cidade inabitável e de repente é aquele livro que ninguém lê, você e várias outras coisas deixadas de lado porque você mesmo se deixou de lado. E você se deixa de lado porque alguém te deixou de lado e esse é o reflexo de um trauma emocional lento e natural.
Até que um dia a cratera já não existe porque alguém mandou arrumar e o estado deu conta de retirar todos os escombros e os operários trabalharam dia e noite para arrumar a estrada e voltar a ser o que é pra ser. Assim foi com a minha vida, em suma: dia a dia eu estou me reconstruindo e reconstruindo todas as minhas teorias de que o amor pode ser bom e que as pessoas são boas, embora como diz o Criolo elas estejam perdidas. Eu reconstruí a minha capacidade humana e cognitiva de amar e venho reconstruindo a minha capacidade de confiar sem me sentir ameaçada por movimentos que nem chegaram a acontecer, o que eu posso fazer? Eu tô aqui pra viver e infelizmente rasgar-se e remendar-se faz parte de qualquer crescimento pessoal.
Mas eu tive medo, tive tanto medo de não conseguir e hoje poder escrever sobre isso é um ato de bravura, coragem, superação e alívio. Me sinto aliviada de ter conseguido sobreviver aos piores dias da minha existência e me manter lúcida, estável e na medida do possível em equilíbrio.
E eu escrevi porque tô viva, porque você passou mais eu fiquei e permaneço. Porque hoje tenho orgulho do que me tornei e como consegui me soerguer, plena que o universo mostra a resiliência no cotidiano da dor latente.
E a você que me lê: o dia de reconstrução vem. E vem lindo!