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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Cine Íris

A primeira vez que assisti Blue Valentine, eu fiquei com um vácuo no peito durante sete dias. Prometi a mim mesma que apenas veria novamente quando eu tivesse estabilidade emocional pra não ficar com outro vácuo no peito durante sete dias. Já faz três ou quatro anos que nunca " Como pode confiar em seus sentimentos, quando eles podem desaparecer assim?" ou "Sabe quando uma música toca e você precisa dançar?" até hoje.
Lembro que fiquei martelando: amor não é suficiente, amor não é suficiente, como se fosse mantra, mas só que eu não conseguia ter paz com ele. Pelo contrário. São necessários tantos anexos que a ideia de ter apenas a planta ou o telhado não é possível. Não dá pra sobreviver dessa forma.
Eu quis me desintegrar durante o dia com a chuva porque se eu fosse levada pelos bueiros da cidade talvez desembocasse em algum lugar longe dessa cidade que está toda marcada de você. E eu que mais pareço alguém assustada, pálida, que vive encontrando com fantasmas, cortando caminhos, desviando para não encontrar com símbolos do meu eterno luto.
Mas além de tudo, eu não sou menina. Nem a natureza nem os homens nos querem infinitos, porque eles nunca souberam o que fazer com algo que dura. E eu só anseio durar um tempo atrás do outro, quem sabe, desse jeito, você esqueça que eu cheguei meses atrás e goste de mim como se tivesse me conhecido agora.
Porque inícios são tão incríveis, mais é o que vem no meio da história que faz a gente sentar e ouvir o que segue depois. Eu te seguiria como os olhos de um astrônomo sob uma constelação nova. Como um físico que achou uma segunda teoria pra explicar a aceleração e o repouso.
Eu não quero ser um exemplo da seleção natural só porque eu não consigo desenvolver o medo em coragem. Só que eu não consigo transformar raiva em compaixão sempre. Só porque eu não entendo porque não podemos ser crus e isso bastar...
Eu me refleti na sua íris e explorei, ali, toda sua existência pós-mim. Que a mágoa do universo em não saber permanecer não te devaste. A terra está se afastando do sol a uma velocidade de 15 centímetros por ano. É assim que seguimos em frente porque o amor, por si, não pode plenamente nos salvar como já o fez algumas outras vezes?
Na cena final, não quero te observar indo embora. Não acho justo. Se alguma hora, acontecer, lembra também do que você disse "vamos nos esquecer juntos" porque, embora continue não sendo justo, minha parte preferida em você nunca foi as costas...
Eu me refleti na sua íris, e me apaixonei, ali, por toda sua existência antes de mim.

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