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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Reflexo

Osho dizia que só conseguiríamos enxergar puramente um ao outro se tirássemos de nosso olhar toda a poluição e tudo aquilo que nos forma.
Se eu espero que você toque na minha mão enquanto a gente caminha pelas ruas da cidade, a frustração disso não acontecer é puramente MINHA. Se eu te enxergo bonito pela manhã mesmo com o cabelo bagunçado parecendo um dos batutinhas, isso é um reflexo de informações, códigos e conceitos que eu criei na minha cabeça. Você aparenta ser um caminho confortável por onde posso andar sem risco.
Se eu olhar pra você agora, no entanto, o que eu vou ver vai ser eu mesmo?
Medo. 
Desde o dia que pisei no mesmo espaço/lugar que você. E eu via você segundo aquilo que esperava há muito tempo: alguém que me via além da casca. Eu vi você pelas lentes poluídas do meu coração manchado e Osho me detestaria por isso, mas seguimos, ambos, nos olhando e concluindo segundo nossos conceitos, teses e construções.
O amor é construção.
Eu enxergo você pelo que você me proporciona. Você só existe pra mim porque meus sistemas te notaram no meio de muitas outras pessoas que também buscavam por paz. E eu gostei do seu cheiro - até do paiol -, eu gostei da maneira como você se vestia, como me abraça apertando minhas costas até como você joga a blusa de frio no ombro por preguiça de carregar na mão. 
Mas nunca fomos puros e imaculados.
Não temos o poder soberano de nos despirmos das nossas histórias para enxergar o outro com pureza. E quem é que quer abrir mão de todas as teses, bagagens e experiências em troca de um relacionamento puro e limpo? As pessoas se esbarram carregadas por essas histórias, cheias de outros traumas. E o amor é propriedade. Peito aberto, alma limpa, desejo de se entregar e olhar sem viseira.
Você é capaz de me amar por aquilo que eu sou e não por aquilo que você quer que eu seja? (Quero essa resposta) E entrar numa relação inteiramente limpo de si mesmo e limpo, principalmente, de tudo que carregou até aqui?
Hoje eu queria enxergar você e não aquilo que eu projeto em cima dos seus ombros. Hoje eu queria enxergar todos os seus tropeços como parte de você e não como desculpa para eu ir embora na primeira merda que você fizer. Hoje eu queria te enxergar como um ser humano perdido igual a mim, correndo atrás de um porto seguro no meio de um furacão que vem sem aviso prévio. Hoje eu queria te enxergar sem medo de me arrepiar com o demônio que há em você, sem medo de me surpreender com o sobrenatural que habita em você, sem medo de encontrar restos de um passado que não tem tanto tempo assim.
O amor sucumbe porque a gente se olha e não se vê. A gente nos vê. E é horrível perceber no outro aquilo mesmo que somos: ruins.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Se...

Tentei enumerar sem sucesso todas as vezes que meus dias foram de ótimos a "os piores" dias da vida. 
Isso é uma coisa que tem ocorrido com frequência devido há alguns problemas passados, presentes e futuros também.
Futuros, porque eu sempre digo que não acredito em quem não cria expectativa com as coisas, todas as vezes que alguém fala que não cria expectativas eu reviro meus olhos. Reviro porque é mentira. Sim, amiguinhX!!! Uma hora ou outra na sua vida você vai se pegar naquela situação " E SE..."
Cabe tanto dentro se um "se". Qual a profundidade um "se" pode oferecer, com uma vida baseada em "se's" de etiqueta, ostentações alcoólicas e conveniências. 
Não confio em "se's" matemáticos que sabem calcular, e fazem seus cálculos antes de se relacionar.
Infernal sensação!!!
Se, se já tivemos um fim não acham que deveria se conter em permanecer no além e que fosse um além um pouco mais literal. Não digo longe do meu plano físico, não é o desejo do sumiço de se's no mundo, mas a distância que eu digo é do meu plano metafísico, MEU mundo. Além do meu inconsciente que teima em conscientizar. 
"Se", você quer uma metáfora? 
Amor é correr em quarto escuro!

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Verdade ou mentira?

Você me irrita, logo existo!

E a partir daí vem toda a cascata de fúria, maldade e insensibilidade. Obsessão em verdade e vício em utopia. Imaginava que a verdade era singular, e todas as versões da verdade fossem inverdades. Quando na verdade, a verdade é abstrata.
Desde que você acredite no que você quer acreditar ou desacredite no quer desacreditar, você faz a verdade que lhe convém, o que não quer dizer que a minha verdade é certa e a sua errada. 
Aqui se encaixa uma metalinguística Aristotélica de uma mente tentando se materializar. Tentando respirar. Mas a real, é que não temos prova alguma de que a mente exista. De que nós existimos, de que você que tá lendo isso agora exista! 
Tento te entender, mas não compreendo. Porque compreender é prender com. No caso da mente um crânio? O que conhecemos são apenas meros fragmentos, músicas, livros, filmes, séries, preferências... E o vasto conhecimento das sinapses neurais e o mapa das químicas no cérebro nos dão uma "prova?" da sua existência. Mas como eu disse, ou melhor, como me ensinaram na psicologia, a verdade é abstrata. E todas as versões da verdade podem ser uma possibilidade. É tudo uma questão de como olhar.
Se a mente não existe, ou se eu não existo, como pode o sentir ser tão intenso? Se sentir e existir não estão ligados eu já não acredito em mais nada na vida. 
A partir do momento que me diagnosticaram e me medicaram pra "síndrome do pânico" eu fico tentando imaginar como seria não conviver com um milhão de pensamentos por segundo. Se isso não é normal o que é ser normal? Ser alheio a tudo?
Se minha preocupação com tudo é demais o que é ser de menos? 
Não se responsabilizar por nada... A minha verdade é o meu mundo, e nesse mundo eu sou "perfeita" do jeito que me criei, das coisas que aceitei e de como eu levo minha vida até hoje.
Nesse universo de verdades e abstratividades:

"Mover é respirar e respirar é viver.
Parar é morrer.
Remar é viver e viver é difícil.
Mas viver é melhor que perder tudo que nós somos,
Tudo que nós sabemos, tudo que nós sentimos..."

Embora todo esse debate seja apenas uma observação, com muitas pontas soltas e de certa forma um raciocínio até meio cru, essa é a reflexão que deixo com vocês. O que é preciso pra ser normal?

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Coisas que eu não tenho coragem de te dizer sóbria

1. Eu me apaixonei por você estando a quilômetros de distância, e Deus sabe o quanto foi difícil pra mim conceber isso,se eu acreditasse nele (ou ele em mim)

2. Eu sempre gostei mais de você que você de mim e eu nunca me preocupei tanto com o fato de você gostar menos. Nunca foi competição, sempre foi encaixe. E a gente cabe nisso.. Você pode negar 20 vezes, mas não pode fugir da verdade: sendo eu bastante diferente das pessoas com que você já me contou que se relacionou, nos encontramos no momento exato em que precisávamos um do outro e nos suportamos mesmo quando os hormônios interviam, o que sempre nos faltou foi coragem. 

3. Quando compreendi que a nossa relação era efervescente, que eu me reapaixonava todas as vezes que íamos e voltávamos. E é sempre tudo como se fosse a primeira vez, é anestesiante. Sei também que eu nunca te deixei sentir minha falta, talvez esse tenha sido o meu pecado em inúmeras vezes....

4. Tá tocando breezeblocks, e todas as vezes T.O.D.A.S que eu escuto essa música na parte do "Plz don't go i love u so" eu fico repetindo isso na minha cabeça como um mantra, eu sempre penso em como isso tudo fodeu comigo e com a minha cabeça, e como eu gosto disso tudo ter acontecido na época que aconteceu. Eu sinto sua falta todas as noites, até nas que eu falo com você.

5. Meu maior medo não é de não ficarmos juntos, e sim que você se apaixone e não seja bom porque você merece algo bom, você merece a paz que me passa todas as vezes que dorme abraçado comigo, você merece a calma que me passa em momentos de tensão e a paciência que tem comigo quando estou em momentos de crise, queria poder retribuir mais... Não quero que se apaixone por alguém incapaz de carregar suas particularidades no colo e te beijar mentalmente nas quedas, como eu sempre faço

6. Queria sentir mágoa ou raiva ou alguma coisa que me motivasse a ser outra pessoa, queria mudar minha personalidade e esse jeito impulsivo que sei que te incomoda... mas eu ainda queria ser a mesma pessoa com quem você quis ficar mesmo sabendo de todos os riscos que corria. Mesmo os meus princípios gritando todos os dias na minha cabeça que não era certo, continuamos e estamos, ainda sou essa pessoa, mas hoje vejo uma grande diferença do que era e do que é...E ambos mudamos, melhoramos e nos entendemos.

7. Te espero com explicações matemáticas e físicas que se atam ao infinito, mas entendo... Com a garganta fechada, olhos inchados e coração como um país em guerra. Que a distância dentre outras coisas é soberana, ela escolhe quem vai e quem fica. Ficar seria só uma consequência e eu te amo.

Claro o efeito do que o estômago aguentou hoje fez diferença, mais não esconde a total certeza do que É. É e pronto, sem distinções, sem frescuras e sem esperanças, dia a dia, hora após hora, minuto após minuto...seremos nós ou não seremos nunca.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Dois não dois mil

Vasculhando as redes sociais, me deparo com tantos casais "apaixonados" nelas espalhados, o que me deixa a pergunta: É amor? O amor no meu ponto de vista é aquilo que acontece com o decorrer do tempo, quando você conhece a pessoa detalhe por detalhe, roupa por roupa, atitude por atitude, gostos, conteúdo e absurdos. Não quando você está com uma pessoa que ao seu ver, forma um casal bonitinho. 
Amor vai além dos textos apaixonados na página um do outro e do "eu te amo" não raciocinado. O melhor do amor é a parte que fica entre quatro paredes, que ninguém vê, que ninguém sente, que ninguém sabe. É a parte do olho no olho, das palavras que não são demonstradas a todos, e sim apenas à pessoa que se ama. Amor é quando você conhece os defeitos do outros e os aceita. Quando você não estipula a roupa que o outro usa, as amizades que o outro tem, os gostos que o outro carrega. Amar é aceitar, é não deixar de amar quando não corresponde ao seu padrão. É amar na distância, na ausência, na falta de ligações e mensagens. É amar quando o outro não tem tempo, quando prefere ficar em casa, quando sai com os amigos, quando faz cara ruim.
Amor não é romantismo mostrado à púbico, é o romantismo que ocorre ao longo de uma briga.
Penso que amor que dura é amor que aguenta. Que tem espaço pra crescer, que tem liberdade, confiança e que favorece as duas partes. Tanta gente que abre mão do seu prazer, estilo, rotina apenas para agradar o companheiro, e até que ponto isso realmente conta? Até que ponto uma pessoa viver apenas em função do outro é amor? 
Casais que realmente se amam são cúmplices, parceiros e discretos. Não é mostrando o amor aos demais que faz com que ele realmente exista. Amor é segredo. Amor é silêncio. Amor é dois.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Cine Íris

A primeira vez que assisti Blue Valentine, eu fiquei com um vácuo no peito durante sete dias. Prometi a mim mesma que apenas veria novamente quando eu tivesse estabilidade emocional pra não ficar com outro vácuo no peito durante sete dias. Já faz três ou quatro anos que nunca " Como pode confiar em seus sentimentos, quando eles podem desaparecer assim?" ou "Sabe quando uma música toca e você precisa dançar?" até hoje.
Lembro que fiquei martelando: amor não é suficiente, amor não é suficiente, como se fosse mantra, mas só que eu não conseguia ter paz com ele. Pelo contrário. São necessários tantos anexos que a ideia de ter apenas a planta ou o telhado não é possível. Não dá pra sobreviver dessa forma.
Eu quis me desintegrar durante o dia com a chuva porque se eu fosse levada pelos bueiros da cidade talvez desembocasse em algum lugar longe dessa cidade que está toda marcada de você. E eu que mais pareço alguém assustada, pálida, que vive encontrando com fantasmas, cortando caminhos, desviando para não encontrar com símbolos do meu eterno luto.
Mas além de tudo, eu não sou menina. Nem a natureza nem os homens nos querem infinitos, porque eles nunca souberam o que fazer com algo que dura. E eu só anseio durar um tempo atrás do outro, quem sabe, desse jeito, você esqueça que eu cheguei meses atrás e goste de mim como se tivesse me conhecido agora.
Porque inícios são tão incríveis, mais é o que vem no meio da história que faz a gente sentar e ouvir o que segue depois. Eu te seguiria como os olhos de um astrônomo sob uma constelação nova. Como um físico que achou uma segunda teoria pra explicar a aceleração e o repouso.
Eu não quero ser um exemplo da seleção natural só porque eu não consigo desenvolver o medo em coragem. Só que eu não consigo transformar raiva em compaixão sempre. Só porque eu não entendo porque não podemos ser crus e isso bastar...
Eu me refleti na sua íris e explorei, ali, toda sua existência pós-mim. Que a mágoa do universo em não saber permanecer não te devaste. A terra está se afastando do sol a uma velocidade de 15 centímetros por ano. É assim que seguimos em frente porque o amor, por si, não pode plenamente nos salvar como já o fez algumas outras vezes?
Na cena final, não quero te observar indo embora. Não acho justo. Se alguma hora, acontecer, lembra também do que você disse "vamos nos esquecer juntos" porque, embora continue não sendo justo, minha parte preferida em você nunca foi as costas...
Eu me refleti na sua íris, e me apaixonei, ali, por toda sua existência antes de mim.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Cara ou coroa

Tudo isso não passa de confusões inconstantes, pouco afetivas e um eterno para-raios dos próprios excessos.
E sabem do pior eu gosto disso. Já sobre o outro lado, tenho certeza que nem sabe porque insisto em comprar tênis de várias cores diferentes. Na verdade acho que não existe um "porquê".
Metade de mim pensa nisso o tempo todo, a outra nem sequer "gosto de você" de emergência. 
Uma parte entrega o mundo. A outra decide se merece Cubatão, algum lugar do Iêmen.
A verdade por trás dos dois lados de uma face só é desconhecida. Ninguém ousa se aprofundar muito em medos, traumas, histórias e vontades. Eu insisto pelas reticências, e a outra metade me mune de pontos finais. 
Não sei se essas metades têm gostos diferentes, ou se elas gostam de coisas totalmente iguais, é difícil saber ao certo o que cada uma pensa por se tratarem de duas metades de uma mesma pessoa tão incerta e confusa, ou seria certa demais?
Quando isso não me faz um mal repentino, me faz um bem danado.
Agora me perguntem, se eu já pensei em dizer tchau? TODO SANTO DIA. Se eu já pensei que era paranoia e que eu tava ficando louca? Duas vezes, TODO SANTO DIA.
Não sei se é um olhar maduro ou uma cabeça de crianças que me faz insistir... vai saber.
Acontece que tá tudo de cabeça pra baixo, e não estou falando que eu não queria que as coisas ficassem assim.
Nessas confusões ninguém mexe, ninguém ajuda, ninguém discorda. São minhas. É o meu mundo, são as minhas vontades, os meus horários, as minhas perguntas, as minhas verdades.
E depois de um dia cansativo, só existe uma paz. Infelizmente essa é uma toca que cabe só um. Não sei quanto tempo perder e nem quantas preocupações quero colecionar nem quantos beijos vou desperdiçar por achar que eu não estou vivendo o que idealizo. Perco tempo demais pensando e dando voz às colecionáveis pequenas verdades absolutas que circulam entre esses dois lados.
Penso, insisto mais uma vez e acabo dando ouvidos a uma parte menos ruim, fico ali, por birra e "paixão?"
Certamente quem morre no final se não eu mesma. 
É uma parte toda Califórnia, sol, bebidas e pop americano. Hoje pensando melhor 80% é Arizona: um deserto cheio de liberdade, mas com poucas opções, ou aceita ou corra para as colinas. Se eu prefiro um a outro?
Claro que eu quero o sol, as bebidas e a música alta... Mais me pergunto todos os dias se meu lugar não é nas colinas.