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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

O estranho que me habita

Acho que todas as pessoas possuem um "Dark side", que vez ou outra cisma em permanecer mais aparente que deveria. 
Consegui encobrir esse lado, por intervenções alcoólicas, durante 25 anos.
Até que um dia .... chega o limite. Então, mostramos quem realmente escondemos. Aquele pior lado, aquele que ninguém quer por perto, aquele que você mesmo sente vergonha de ter dentro de si. 
Confesso ainda não saber lidar com essa outra metade da minha personalidade, por vezes um furacão em fúria que destrói tudo por onde passa, outras uma criança abandonada em um abrigo comunitário se perguntando se existe algum ser de luz no mundo como ele deixa pessoas se sentirem como ela esta se sentindo.
O fato desse lado existir, não apaga o outro que é de uma pessoa completamente decidida, independente e forte... 
Só que ser forte nem sempre é a solução e o fato de demonstrar fraqueza não te faz uma pessoa covarde, ambos os lados se completam. Ambos são a formação da personalidade, não a pior do mundo nem a melhor, mas a que eu estou aprendendo a lidar... 
A pressão da vida adulta nos faz querer ser sempre uma parede de concreto. Isso não funciona! 
Liberar seu lado ruim não te faz mau, te faz humano. Ninguém merece ser retraído a vida inteira, e percebi da pior maneira possível. 
Seja você, mesmo que seja estranho... :)

domingo, 25 de dezembro de 2016

Viagem ao interior

Daí você se defronta com o desamparo do seu íntimo.
Então, você enxerga coisas que estava imune a enxergar... como o grande abismo existente entre o discurso e a conduta daquele outro.
A falta de respeito para com sua individualidade... o fechamento e o círculo vicioso no próprio eu.
O abismo de seu âmago intimo se projeta na sua circunstância, o vazio se torna exponencial e por conseguinte a solidão, amiga.
Paulatinamente o inferno é reflexivo, projetivo é como uma série de espelhos justapostos um rente ao outro.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Sobre a vida.Ou não?!

Quero é ser cacto. 
Não quero estar no centro do jardim.
Não quero elogios que saltam facilmente de qualquer boca.
Não quero atenção diária.
Eu assumo com uma felicidade enorme no coração em querer ficar num cantinho, por dias, sozinha, sem a lembrança de ninguém pousando sobre mim.
E quando esse ninguém, se torna alguém, que saiba compreender meus espinhos.
Já passei dias demais sem água na minha raiz para eu querer alguma coisa além do que isso. 
VOU É SER CACTO NA VIDA.
ps: quem enfrenta os espinhos também vê que cacto também dá flor. 

sábado, 17 de dezembro de 2016

A aventura que é ser você mesmo

Na escala mais alta de sofrimento desnecessário está sem sombra de dúvidas a nossa preocupação por agradar a todos.
É muito possível que algumas pessoas olhem para si mesmo e neguem essa verdade. Que não seguem padrões e não se preocupa com gostos e preferências de todos.
Entretanto alguma vez na vida todos nós "filhos de Jah" já fizemos isso, e continuamos a fazer mesmo que em pequena escala.
A necessidade angustiante de ser aceita. De agradar todo mundo.
Muitas vezes, para fazer parte dos nossos ambientes sociais e afetivos, somos obrigados a nos harmonizar, e isso nos obriga na maioria das vezes ter que agradar, ser educado, dizer "sim" mesmo quando queremos dizer "não".
A chave disso tudo está no equilíbrio e inteligência emocional. Todos nós gostamos de agradar aos outros, isso nos torna pessoas acessíveis, mas não podemos fazer disso uma rotina.
As pessoas precisam "amar", e se alguém não pensa da mesma maneira que você ele está errado. 
Precisamos mesmo afinar nossas habilidades de "sedução" para atrair aquela possível pessoa que nos chama a atenção?
Gostar é como transmitir uma boa imagem em uma entrevista de emprego na qual você deseja obter um trabalho e uma projeção futura?
Dar um pouco não significa perder muito, trata-se de reestabelecer o equilibrio para que todos possam coexistir felizes alegres e contentes. Porque imagina se cada um de nós agisse em interesse próprio, marcando limites, etc. Perderiamos o sentido de sociedade.
Mas a pergunta que agora me vem a cabeça: ONDE ESTÁ O LIMITE? Onde se situa a fronteira entre a minha identidade e o que a sociedade me exige para me sentir, talvez não seja essa a palavra mas lá vai... integrado?
As pessoas tem sua propria essência, e essa essência nada mais é do que uma bagagem pessoal, onde estão nossos valores, emoções, auto-estima e autoconceito.
Essa jornada de autoconhecimento dura uma vida inteira.
Diferente do que muitos pensam, ser você mesmo num mundo de padronizações onde inventam versões suas não é facil. De um lado estão as expectativas do nosso ambiente de socialização. Somos convidados a sermos bons filhos, bons companheiros, trabalhadores felizes, estudantes aplicados e eficazes.
Às vezes acabamos experimentando na própria pele a chantagem e aquelas situações onde nos exigem certas coisas que vão contra nossos valores. E ta aí a aventura de ser você mesmo, exigem que, gostando ou não experimente pequenos confrontos cotidianos. No entretanto, não podemos enxergar isso com maus olhos.
Definir limites para o que queremos e o que não estamos dispostos a fazer permite que os outros se relacionem muito melhor conosco, porque eles podem ver e entender como nós somos.
Claro, nem todo mundo tem bom gosto para apreciar nossas manias e nosso jeito. O mundo não termina com um "não gosto de você". Na verdade, isso nos abre outros caminhos mais adequados.
Porque quem se esforça dia a dia para agradar todos acaba se afastando da sua essência e do caminho pessoal no qual estão a autoestima, o equilibrio e a identidade.
Se alguém não tem o bom gosto de apreciar seu caráter, sua risada escandalosa, seu senso de humor, seu sarcasmo, aquele bico de raiva e sua paixão pela vida. Não se preocupe, vida que segue.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Entre um ano e outro

Hoje o céu escureceu às três e vinte da tarde. Quase como faço toda noite, me vi pensando no dia anterior e no que havia acontecido.
Daqui a 17 dias virá outro ano e eu não estou triste com nenhum dos fins que ele me trouxe. E o que mudou do começo pra cá?
Eu me tornei pequena e frágil, quase caibo em uma mão. Minha memória que já não era das melhores, está pior. Esquecer também dói. É por isso que eu quis ficar... Eu nunca poderia admitir que tudo que passei ficasse apenas em uma única lembrança a mercê do que outras vivências podem me fazer esquecer.
Passo por uma tempestade todos os dias... Raio e trovão.
Primeiro luz, depois barulho.
Só essa semana já desisti e me vi sem futuro umas 500 vezes. Como se soubesse o que acontece a 400 km de distância você aparece e me faz tentar querer enxergar além do hoje... "só mais alguns dias". Eu já tentei afogar esses sentimentos, mas depois de quase um ano ambos sabemos que eles sabem nadar. Essa é a dor e a beleza de tentar levar qualquer coisa não denominada que tenho... Eu dancei lindamente com a beleza, sem temer a dor.
Quanta ingenuidade...
Somos linhas paralelas: sempre próximos mais nunca juntos. E posso te contar?
Eu encontrei sinal de vida na sua cor de marte.
E todo esse tempo afastada, faz aquietar o som da sua voz no meu ouvido.
Me tornei o que eu sempre critiquei. E não te julgo ou me julgo por isso... A gente faz o que quer fazer. E se chegou a esse ponto foi porque permiti, afinal toda rosa tem espinhos.
A pergunta é.. até quando você vai continuar se permitindo ferir porque eu não sei lidar com o que passei esse ano? Porque sinceramente eu não tenho a menor ideia do que to fazendo com a minha vida.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Libertação e privação

O problema do ciúme (e há vários ) é que ele desumaniza as pessoas. Como posso privar de sentir, ver o mundo, observar as pessoas e viver?
As pessoas não são casas que você compra e adquire posse. E a nossa liberdade não esta à venda porque entramos em qualquer tipo de relacionamento. Você não é de ninguém porque decidiu caminhar ao lado da pessoa e compartilhar algum tipo de sentimento com ela. Relacionamento de qualquer natureza não é prisão e relacionamento também não é muitas outras coisas que o ciúme se propõe a ser.
Em uma sociedade que naturaliza o ciúme como consequência do amor, e romantiza relações onde esse movimento de posse é constante, fica a pergunta de quando entenderemos que o outro não é objeto que surge através do preço. A pessoa que você escolheu para estar ao seu lado não está pagando nenhuma dívida, não está devendo alguma coisa, não foi comprada. Não há compra em relações onde a conexão, o respeito e a liberdade habitam. Não há possessão quando as casas são construídas, sem cerca, sem muro, barreira.
Ou se abre caminhos ou se constrói barreiras, e a pessoa que está com você e que você diz amar também precisa ver o mundo além dos seus ombros.
Como você, humano, chega ao ponto de aniquilar sensações, pensamentos e movimentos de outro ser humano? A sua capacidade de ferir quem está com você para nutrir determinado capricho, para satisfazer sua necessidade de estar no controle, para colocar a mão no pescoço do outro e lhe retirar o ar?
Amor é quando se respira em paz.
Quando é que você vai entender que superproteção não tem nada a ver com arrancar o talo da flor? 
As flores precisam crescer!
E elas crescem com o sol, água, gente. Quando é que você vai entender que ciúme gera instabilidade, aspereza e desconforto?
Você procura uma relação pra se sentir confortável: quando se estica o braço e não há censura. Quando se viaja sozinho e não há censura. Quando existe o conforto de entender o outro como livre o suficiente para sair de casa-sem-muro porque se sabe que ele pode (não que ele vá) voltar.
Amar também é regresso.
O ciúme é como ter um apartamento à beira-mar com seu interior caindo aos pedaços. Porque é isso que ele traz: destrói toda possibilidade e confiança; aniquila toda fé numa relação saudável; faz você destruir sonhos, sistemas, experiências e outros seres humanos - que assim como você também só estão vivendo a promessa de que amar é libertador.
E agora é com você, quando é que de fato você vai enxergar que somos além daquilo que o outro espera, que o outro promete, que o outro faz. Quando é que seu amor vai libertar alguém?

domingo, 4 de dezembro de 2016

Do alter ego para o ego

Você que sobreviveu a relacionamentos abusivos e sobreviveu a vontade de morrer depois da devastação que pessoas causam na sua vida. Você que nem sabe o que significa a palavra resiliência, mas que deu um abraço nela no momento mais difícil da sua existência. 
Você, que agora entende o que é ser RESILIENTE, e nunca mais larga a palavra e o que ela te trouxe. Você é forte, você é grande e você sobreviveu aos piores dias da sua vida. E você sobreviverá a outros tantos que ainda estão por vir.
Não se pressione tanto pelas coisas que não são do seu controle. Não machuque seu próprio corpo em detrimento de promessas que não se cumpriram, de situações que poderiam ser mudadas no passado, de palavras que não foram ditas. As coisas simplesmente acontecem e a gente precisa seguir em frente sabendo que em alguns momentos teremos de abdicar do conforto, da palavra e até mesmo da discussão.
Você descobrirá que tem camadas de proteções até outrora desconhecidas e você renascerá na própria dor sempre que precisar fazê-lo.
Preserve seu corpo, ele precisa de você mais do que qualquer outra coisa no mundo. Preserve sua saúde mental, escolha aquilo que possa te ferir e se afaste. Não é errado querer estar bem e longe de tudo que machuca - e tanta coisa machuca não é mesmo?
Tire um tempo pra você. Pra sua mente poder descansar do cansaço do mundo. O silêncio é assustador, mas o barulho é pior ainda. 
Você é a pessoa que mais importa neste processo todo de descoberta de como se proteger. Respeite seus limites, os limites da sua mente, dos seus próprios movimentos e não se esqueça: faça de si mesmo uma prioridade.
E quem sabe no fim você vai dizer que a vida é boa e que viver é bom, veja só, você está aí intacta, ilesa, livre do que é ordinário, comum. Você ultrapassou todos os limites da sua propria fé em alguma coisa e você entendeu que a entrega será sempre mais honesta do que a covardia dos que se acomodam debaixo do conforto. 
Você é incrível por tentar. E é mais incrível porque se autorreconhece como um ser humano cheio de amor e luz para emanar. Você esta aí, no auge da sua vida, e tem muito mais para vir. E eu te desejo coisas grandes e incríveis e inesperadas e imensas e gloriosas e inomináveis. E que você, depois do furacão, compreenda a sua própria força como uma benção. Que tudo isso é eu. Que você é isso tudo. Eu me orgulho muito do que você é e daquilo que você está se tornando. RENATA, você é forte sim!
LEMBRETE PRA VIDA.








sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Mais uma dose.

Acordo de um sono de 3 horas, um sono irrequieto, onde as coisas são mais vívidas que a realidade. 
Custo a enxergar, viro pro lado pra tentar me distrair com alguma coisa que não sei o que é. 
Não olho diretamente pra nada que me liga a minha irreal realidade.
É efeito do que me corrói por dentro. 
De longe enxergo a estante e conto os comprimidos pela 6ª vez no dia. 
Minha cabeça pesa, os pensamentos voam, mais uma vez olho pra estante e conto os comprimidos. 
Levanto.
Escovo os dentes olho no espelho e não reconheço o reflexo que me olha de volta. 
Tento me desligar de tudo aquilo que me liga ao mundo, penso sobre os comprimidos pela 8ª vez... Balanço a cabeça tentando afastar qualquer ideia que me liga ao fato. 
Deito novamente. 
Lembro de quantas vezes eu passei por isso nos últimos anos... A culpa me consome como o fogo pega num mato seco.
Qualquer movimento a minha frente me faz arrepiar dos pés ao cabelo, 
confusa.
Ajoelho, oro e peço que o vento me leve.
Me leve pra longe daquilo que eu escolhi...
Meu coração aperta.
Perco meu fôlego
Até me afundar no destino que eu quis.
Ou não,
Já não importa,
já era.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

De onde vem a calma.

A solidão é o momento que você se encontra consigo mesmo sem medos. E, sem medos, começa a se limpar de todas as feridas que o mundo te fez. Quando a mão está pesada mas é preciso retirar a ferida que descasca e ainda provoca dor, aí você tem medo de descobrir que está mais ferido do que supõe. 
Em alguma parte da cidade jaz alguém aflito pela ausência, e a sua perna que ainda não descobriu uma maneira de doer menos.
O coração, que é um músculo, também está ferido. A sujeira do mundo contamina os átrios. Em qual pátria se deixou perder?
A solidão existe pra você colocar a mão na própria pele e ir descascando todas as fraquezas. A memória que você guarda, seus fracassos e um futuro incerto.
A solidão vai te ferir em momentos específicos da vida. Vai sentar com você em cadeiras de casas de veraneio, vai correr com você por ruas alegres de finais de semana também alegres, vai abraçar seu corpo no meio de um dia febril. A solidão vai te acompanhar em rotações, dias, horas, minutos e segundos. Vai ferir sua autoestima, golpear seu estado mental que já não anda muito bom. 
A solidão dói porque me mostra que a sutura não muda. Passam-se anos, árvores continuam sendo podadas, o petróleo no golfo se esparrama, transsexuais continuam a morrer exiladas em culpas patriarcais e tudo se desmancha. 
Quando eu estou sozinha no meu quarto o mundo se desmancha. A vida derrete. Meu corpo se debate e não acredita que ainda está aqui, vivo.
A solidão vai coexistir em meio à felicidade clandestina dos que "se amam".
Isso é só um aviso: a solidão muda de casa, engatinha pelas ruas do bairro, ciranda nas praças, instala uma primavera, finca um mês no seu pescoço, desaba uma semana, reverbera.
A solidão serve pra curar você de si mesmo. Daquilo que seu corpo abarcou na viagem entre a sua casa e o terror do mundo. Você viveu, foi exposto, feriu, foi ferido. Agora você volta para casa. Agora você entra no banheiro. Agora você coloca a cabeça debaixo d'agua rezando pra ela te afogar. E você se limpa.
Acaba o tumulto, a tremedeira, o suor frio, o pensamento de morte eminente e a dor latente. Os remédios anestesiam.
E você repete como um mantra: tá tudo bem.