Powered By Blogger

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Libertação e privação

O problema do ciúme (e há vários ) é que ele desumaniza as pessoas. Como posso privar de sentir, ver o mundo, observar as pessoas e viver?
As pessoas não são casas que você compra e adquire posse. E a nossa liberdade não esta à venda porque entramos em qualquer tipo de relacionamento. Você não é de ninguém porque decidiu caminhar ao lado da pessoa e compartilhar algum tipo de sentimento com ela. Relacionamento de qualquer natureza não é prisão e relacionamento também não é muitas outras coisas que o ciúme se propõe a ser.
Em uma sociedade que naturaliza o ciúme como consequência do amor, e romantiza relações onde esse movimento de posse é constante, fica a pergunta de quando entenderemos que o outro não é objeto que surge através do preço. A pessoa que você escolheu para estar ao seu lado não está pagando nenhuma dívida, não está devendo alguma coisa, não foi comprada. Não há compra em relações onde a conexão, o respeito e a liberdade habitam. Não há possessão quando as casas são construídas, sem cerca, sem muro, barreira.
Ou se abre caminhos ou se constrói barreiras, e a pessoa que está com você e que você diz amar também precisa ver o mundo além dos seus ombros.
Como você, humano, chega ao ponto de aniquilar sensações, pensamentos e movimentos de outro ser humano? A sua capacidade de ferir quem está com você para nutrir determinado capricho, para satisfazer sua necessidade de estar no controle, para colocar a mão no pescoço do outro e lhe retirar o ar?
Amor é quando se respira em paz.
Quando é que você vai entender que superproteção não tem nada a ver com arrancar o talo da flor? 
As flores precisam crescer!
E elas crescem com o sol, água, gente. Quando é que você vai entender que ciúme gera instabilidade, aspereza e desconforto?
Você procura uma relação pra se sentir confortável: quando se estica o braço e não há censura. Quando se viaja sozinho e não há censura. Quando existe o conforto de entender o outro como livre o suficiente para sair de casa-sem-muro porque se sabe que ele pode (não que ele vá) voltar.
Amar também é regresso.
O ciúme é como ter um apartamento à beira-mar com seu interior caindo aos pedaços. Porque é isso que ele traz: destrói toda possibilidade e confiança; aniquila toda fé numa relação saudável; faz você destruir sonhos, sistemas, experiências e outros seres humanos - que assim como você também só estão vivendo a promessa de que amar é libertador.
E agora é com você, quando é que de fato você vai enxergar que somos além daquilo que o outro espera, que o outro promete, que o outro faz. Quando é que seu amor vai libertar alguém?

Nenhum comentário:

Postar um comentário