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terça-feira, 25 de outubro de 2016

8 ou 80

Um dia desses ouvi de um amigo uma verdade bastante intrigante.. "Chega uma hora na vida que você tem que abrir mão do seu lado [selvagem?] para manter, amigos, empregos, etc. Ou você pode continuar sendo louca e vivendo a sua maneira e ficar sozinha."
No meu último emprego, quando sai um dos grandes amigos que fiz me disse que eu tinha mania de falar o que eu penso e que isso as vezes se tornava um ponto negativo, principalmente em questões empregatícias. 
Acho que eles têm razão. E venho tentando, com orações dadas pelos meus parentes mais próximos desesperados com meu jeito "meigo", muita conversas com amigos em geral, terapia, etc ser uma pessoa mais equilibrada. 
As pessoas tem mania de dizer que "Quem briga por tudo e quer medir poder com todo mundo, na verdade está tentando provar que não é um bosta, e que tá brigando consigo mesmo". Sabe o que eu acho? Pura verdade, quando minha auto-estima tá em suas piores fases, é aí que a coisa pega: fico com mania de perseguição, acho que tá todo mundo de cara ruim pra mim e que existe um complô universal contra minha frágil pessoa (ego). Meu ataque nada mais é do que auto-defesa o que tenho praticado bastante, inclusive já estou sentindo um escudo em volta de mim tem até cor.. é meio cinza com preto. 
Mais a verdade é que eu ODEIO o equilíbrio. Se eu tô puta, eu tô puta! Se eu tô com ciúme eu não vou sorrir amarelo e mostrar controle porque eu preciso ser forte e bem resolvida. Se tem um filho da puta na minha sala de faculdade que trata mulher igual lixo no tinder eu não vou fazer política da boa vizinhança, eu vou mais é berrar e libertar essa verdade de dentro do meu fígado: você é um grandessísimo filho da puta! Se a vaca da caixa do supermercado me olhar torto eu vou é pensar que ela não vê um ... a anos. O sangue ferve aqui dentro, e eu não tô afim de transformá-lo num liquido ralo que um dia vai me dar câncer. Eu não quero contar até 100 quando eu tiver meus ataques de ansiedade. Eu quero é espancar a porta do elevador se ele não abrir ou se ele demorar (tanto faz).
As vezes sou antipática mesmo, o mundo tá cheio de gente brega e limitada e é um direito meu não querer fazer parte do mundo dessas pessoas, não tô fazendo mal a ninguém, só fazendo bem a mim. 
Meu psicologo fala que eu preciso descobrir outras formas de lidar com as situações, o problema é que eu sou 8 OU 80 pra mim ou é ou não é. Eu sei que ele tem razão, mas é tão difícil ver todo mundo acordando de manhã sem nada na alma, é tão difícil ver todos os casais que eu conheço que só sobrevivem na cola de outros casais que por sua vez só sobrevivem na cola de outros casais... É praticamente impossível que as minhas contas no fim do mês valham a disputa de egos que eu vejo diariamente na faculdade, essa gente que se acha "super" mas não vai passar de vendedor de sabonete ambulante.
Parem de sorrir automaticamente, humanos filhos da puta, admitam que vocês não fazem a menor idéia do que fazem aqui. Admitam a dor de estar feio quando se acorda feio, e admitam que estar bonito não adianta porra nenhuma...
Contar pro cês, eu continuo perdida e sozinha depois de 5 cartelas de sertralina, achando tudo falso e banal e achando que médicos receitam remédios só pra lucrar juntamente a industria farmacêutica, apesar de precisar do remédio pra dormir e acordar com ressaca de vida medíocre todos os dias...
Você disfarça sentimentos a vida toda, disfarça para não parecer fraco, louca, pra não aparecer demais e poder ser alvo de crítica ou então pra ter com quem deitar e ver uma série no domingo, e para aqueles que nos pedem socorro, muitas vezes disfarçamos cegueira. 
Você passa a vida cego pra poder viver. Porque enxergar além do seu mundo, enxergar a verdade dói demais e enlouquece e louco acaba sozinho não é?! Vão querer te encarcerar, te padronizar, te medicar porque ninguém quer uma maluca que te lembra o tempo todo da angústia da verdade e de ter nascido. Ai passamos a vida cegos, mentindo, fingindo, teatralizando o personagem que sempre vence, que sempre controla, que sempre se resguarda e nunca abre a portinha da alma para o mundo. Só que essa portinha um dia vira pó, e você morre sem nunca ter vivido, e você deixa de existir sem nunca ter sido notado. Só mais uma cara produzida na foto de mais uma festa produzida, é um coadjuvante feliz dessa palhaçada de teatro que é a vida.
Sabem porque eu morro de insônia? Porque antes de dormir é a hora perfeita para sentir o soco no estômago.
Você aceita a vida, porque é o que a maioria acaba fazendo para não se matar ou não matar todos os serumaninhos que escutam você reclamar horas sem fim das incertezas do mundo e respondem sem maiores profundidades: relaaaaaaaaaaxa!
Eu não vou fumar, não vou cheirar, e não vou beber o que o dinheiro der e o estômago aguentar, não vou fugir de querer me encontrar, de saber que merda é essa que entristece me tanto, de achar um sentido para eu não ser parte desse rebanho que se auto-protege e não sabe nem ao certo do quê. E eu não vou relaxar.
A única verdade que me cala vez ou outra e me transforma em alguém estupidamente normal é que virar uma louca que não mede o que fala, sem amigos, sem relacionamento e sem família, só é legal se você tiver alguém pra contar o quanto você é foda no fim do dia.






domingo, 23 de outubro de 2016

Desculpa ou com culpa?

Desculpa não é nada mais nada menos que um sentimento egoísta travestido de altruísmo.
Uma necessidade de se manter bem consigo mesmo, diante de um copo quebrado. As "desculpas" não vão concertar o copo que quebrou e muito menos voltar no momento exato da queda do copo.
Ela só serve pra te iludir que o copo se concertou ou que ele nunca caiu.
E assim foi, todos esses anos. 
A busca incessante intermitente por uma resposta, supostamente mais elaborada que a simples obviedade da coisa. No final crer no óbvio passa a ser normal, tornar a coisa racional faz parte do ser humano e do seu processo de aprendizagem e se tratando do campo da racionalidade passamos a ver as coisas como elas realmente são. Deixamos os floreios da emoção de lado e vemos a verdade. 
Talvez você leia tudo isso e não entenda nada e essas palavras talvez não foram sentenciadas para o seu entendimento. 
E a parte que "talvez" tenha lhe cabido de fato foi elaborada pra te conectar. 
No final, você acaba percebendo que o que te liga as coisas são os mistérios ou o enigma de resolvê-las. É como os cientistas da velha guarda pensavam " é muito óbvio pra isso ser uma resposta", quando na verdade arcaico é pensar que toda resposta exige uma complexidade. 

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Viagem no tempo.

Queria ter te conhecido antes, muito antes. 
Pra que nenhum de nós dois tivesse medos ou cicatrizes. Queria ter estado com você quando seu coração descobriu o que era "sentir", quando seu corpo descobriu o que era desejo, e antes que pudesse sofrer eu estaria ao seu lado te amando e me entregando, e juntos poderíamos ter aprendido as lições da vida e do coração.
Queria ter te conhecido naquela época que você tanto fala em que suas esperanças começaram a nascer, quando seus sonhos ainda eram puros e seus ideais ingênuos.
É uma pena termos nos encontrado só agora, já com o coração viciado em outros amores, com uma imagem falsa do que é felicidade e do que é se entregar.
Queria ter te encontrado em uma outra vida em um outro tempo, em que não precisássemos temer o futuro nem os sentimentos. 

domingo, 16 de outubro de 2016

Live and let die.

Às vezes eu tenho a audácia de pedir a vida que me permita ir embora, porque não aguento mais os meus dias sobre mim. É um constante peso, diário, quase que como um filho que está prestes a sair de dentro da mãe.
Então eu deito minha cabeça no travesseiro, coloco a musica mais triste do mundo e começo a conversar com aquilo que chamam de Deus.
Ponho-me de bruços, estendida sobre o desconforto de respirar e choro. Choro o buraco que existe em mim. Choro toda a pressão da vida adulta me sugando. Choro pelos que morrem invisíveis como eu. Choro por mim que não sou forte o suficiente para prosseguir.
As pessoas se jogam de apartamentos sabia? Elas simplesmente se vão em sextas-feiras de julho. Algumas sem aparente razão, vão-se porque estão cansadas.
E eu só me sinto cansada. 
Principalmente de não conseguir que algum cometa atinja minha ferida e me deixe ir. Há anos eu não sei o que é estar confortável dentro do meu próprio peito.
" Entre o corte da espada e o perfume da rosa. "

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Morto/vivo?

Quem tem pena do passarinho que morreu no fio de alta tensão? Ou o que morreu comido por um gato, no asfalto atropelado esmagado no chão. 
Prefiro pensar nas horas de voo, na sua primeira decolagem, na magnitude que é voar, na delícia que é estar vivo... Morrer todo mundo morre. Agora viver, viver de verdade, viver com toda a intensidade que podemos aguentar, viver com o vento na cara e a sensação de liberdade... é pra poucos.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Reciprocidade

Eu por mim.
O que me sufoca, é esse mistério que mora dentro de mim, que eu não consigo decifrar. A cegueira a respeito do que sinto é desesperadora. Sinto tudo com tanta intensidade que tenho a impressão de ser só alma.
- Ponto positivo:
Acabo gostando de você, pela maneira como entende e medita sobre meus silêncios. Ou quando sorri com os olhos.



quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Sobre resistência e reconstrução.

Eu tive medo de não conseguir me reconstruir. Eu tive medo de me perder no caminho entre a faculdade e minha casa e eu tive medo de nunca mais me recuperar do baque que foi a entrega descomunal a você.
Quando a gente se entrega sem ligar para os danos, a cratera é maior porque não calcula-se a altura muito menos o diâmetro do sentimento - e a única vez que senti seu tamanho foi quando te abracei na saída da última aula e pedi que ficasse. E falando em cratera, lembro que aconteceu dela aparecer numa dessas estradas entre SJDR e Formiga, parando o trânsito em ambos os sentidos, tudo parou. No meu caso, eu continuei. Porque era a única maneira de mostrar aos meus amigos que eu estava "seguindo a minha vida". E seguir a minha vida foi a melhor coisa que eu fiz - percebo isso depois de me questionar o que você ainda representa na minha vida e enxergar que você foi só aquela máquina que afunda ainda mais os entulhos ao invés de retirá-los.
O medo de não saber o que fazer depois de você sempre me anestesiou da realidade, por muitos dias eu vivi à deriva e por esta razão não consigo exprimir sobre o que, de fato, aconteceu comigo nos dias pós-nós. A minha existência foi dividida em duas porque você ousou tocar minha alma. Eu existi antes, respirei durante e resisto agora. Eu fui sua metáfora sobre como a gente pode se diminuir para o outro caber - e eu falo de resistência porque só quem foi muito machucado pela entrega sabe o que é tentar de novo depois de algum trauma.
Você é temeroso que outra pessoa pise em toda sua construção emocional, fica imaginando que pode ser ferido por qualquer mínima coisa e você se isola. De repente você é uma cidade inabitável e de repente é aquele livro que ninguém lê, você e várias outras coisas deixadas de lado porque você mesmo se deixou de lado. E você se deixa de lado porque alguém te deixou de lado e esse é o reflexo de um trauma emocional lento e natural.
Até que um dia a cratera já não existe porque alguém mandou arrumar e o estado deu conta de retirar todos os escombros e os operários trabalharam dia e noite para arrumar a estrada e voltar a ser o que é pra ser. Assim foi com a minha vida, em suma: dia a dia eu estou me reconstruindo e reconstruindo todas as minhas teorias de que o amor pode ser bom e que as pessoas são boas, embora como diz o Criolo elas estejam perdidas. Eu reconstruí a minha capacidade humana e cognitiva de amar e venho reconstruindo a minha capacidade de confiar sem me sentir ameaçada por movimentos que nem chegaram a acontecer, o que eu posso fazer? Eu tô aqui pra viver e infelizmente rasgar-se e remendar-se faz parte de qualquer crescimento pessoal.
Mas eu tive medo, tive tanto medo de não conseguir e hoje poder escrever sobre isso é um ato de bravura, coragem, superação e alívio. Me sinto aliviada de ter conseguido sobreviver aos piores dias da minha existência e me manter lúcida, estável e na medida do possível em equilíbrio.
E eu escrevi porque tô viva, porque você passou mais eu fiquei e permaneço. Porque hoje tenho orgulho do que me tornei e como consegui me soerguer, plena que o universo mostra a resiliência no cotidiano da dor latente.
E a você que me lê: o dia de reconstrução vem. E vem lindo!